Campo Grande, 18 de outubro de 2023 – O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e o Grupo Especial de Combate à Corrupção (Gecoc) deflagraram, na manhã desta terça-feira, uma operação que promete abalar as estruturas da administração pública em municípios do Mato Grosso do Sul. Com mandados judiciais em mãos, agentes cumpriram 11 ordens de prisão preventiva e realizaram 39 buscas e apreensões nas cidades de Campo Grande, Água Clara, Rochedo e Terenos.
A investigação conduzida pelo Gaeco revelou um esquema criminoso liderado por um empresário local que desviou recursos públicos superiores a R$ 10 milhões. As fraudes ocorreram principalmente nos municípios de Água Clara, administrado pela prefeita Gerolina (PSDB), e Rochedo, sob a gestão do prefeito Arino (PSDB). A área mais afetada foi a educação, onde licitações foram manipuladas para favorecer empresas ligadas ao grupo investigado.
Esquema de Propinas e Licitações Fraudulentas
De acordo com nota oficial divulgada pelos órgãos responsáveis, o empresário acusado de liderar o esquema atuava em parceria com servidores públicos corruptos. Estes recebiam propinas em troca de facilitar a execução de contratos fraudulentos. Entre os alvos das buscas está uma empresa de confecção sediada em Campo Grande, suspeita de fornecer materiais escolares e uniformes em processos licitatórios irregulares.
As investigações, que duraram meses, identificaram uma rede complexa de corrupção envolvendo desde a elaboração de editais até a execução dos contratos. Documentos e dispositivos eletrônicos foram apreendidos durante as diligências, com o objetivo de reunir provas robustas que sustentem as acusações contra os envolvidos.
Impactos nas Administrações Públicas
Os desdobramentos da operação colocam em xeque as gestões municipais de Água Clara e Rochedo. Ambos os prefeitos são filiados ao PSDB e agora enfrentam questionamentos sobre a fiscalização dos contratos celebrados em suas administrações. A população das duas cidades, especialmente pais e alunos da rede pública de ensino, teme que os desvios tenham comprometido a qualidade dos serviços prestados.
“É inaceitável que recursos destinados à educação sejam desviados para enriquecimento ilícito”, afirmou um representante do Gaeco durante coletiva de imprensa. “Essa operação reforça nosso compromisso em combater a corrupção e garantir transparência na aplicação do dinheiro público.”
Próximos Passos
Com os mandados de prisão já cumpridos, os investigados serão encaminhados ao sistema prisional e deverão responder por crimes como organização criminosa, fraude em licitações e corrupção passiva e ativa. Os materiais apreendidos durante as buscas serão analisados para subsidiar novas fases da operação, que pode ampliar o alcance das investigações.
Enquanto isso, a sociedade aguarda respostas sobre como tais irregularidades puderam ocorrer sem ser detectadas anteriormente. Para especialistas, casos como este evidenciam a necessidade de maior controle e auditoria nas licitações públicas, além de punições mais severas para os responsáveis por desvios de verbas essenciais para o desenvolvimento das comunidades.
A operação, batizada internamente como “Licita Limpa”, marca mais um capítulo na luta contra a corrupção no Brasil, reafirmando que não há espaço para impunidade quando o assunto é o uso indevido do dinheiro público.