Casos retomados após quatro anos revelam suspeitas de esquema em área protegida e coincidência de internação durante operação da PF na pandemia.
PORTO VELHO, RO — O deputado estadual Jean Oliveira (PL-RO), que recentemente deixou a vice-presidência da Assembleia Legislativa de Rondônia (ALE-RO), voltou a ser alvo de investigações da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF) por suposta participação em crimes de grilagem e na articulação do assassinato de um procurador do estado. As apurações, paralisadas por quase quatro anos, ganharam novos contornos após a revisão de provas coletadas na Operação Fieldberg, deflagrada em dezembro de 2019, que investiga um esquema de roubo de terras públicas em unidades de conservação.
O Enredo: Da Grilagem à Ameaça Mortal
Jean Oliveira, que à época das investigações ocupava a vice-presidência da Comissão de Meio Ambiente da ALE-RO, é suspeito de integrar um grupo que fraudou a regularização de terras na Reserva Estadual Rio Pardo, área protegida no sul do estado. A trama ganhou tons sombrios quando, segundo documentos da PF, o parlamentar e aliados teriam cogitado eliminar um procurador que se recusou a validar o esquema. O plano teria sido descoberto após interceptações telefônicas na Fieldberg, que também apontaram Oliveira como um dos beneficiários das terras griladas.
A tensão escalonou em 9 de julho de 2020, quando um novo desdobramento da operação miraria o deputado. Porém, dois dias antes, em plena pandemia de COVID-19, Oliveira foi internado em estado grave em um hospital particular de Porto Velho, com 70% dos pulmões comprometidos, e transferido para o Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Onze dias depois, recebeu alta e retornou a Rondônia — justamente quando a operação, segundo fontes ouvidas pela reportagem, já havia sido “abafada”.
Coincidência ou Estratégia?
A sincronia entre a internação e o avanço das investigações levantou suspeitas. “Não há registros de exames ou laudos que comprovem a gravidade do quadro na época. A recuperação rápida, em meio a um pico de COVID, foi no mínimo curiosa”, relatou uma fonte da PF sob anonimato. Procurado, o deputado não se manifestou sobre as acusações.
Para o MPF, o episódio reflete a “complexidade de investigar figuras políticas”. “A lentidão de quatro anos não é à toa. Há uma rede de influências que dificulta o acesso a provas”, afirmou um promotor federal envolvido no caso.
Repercussão e Futuro do Caso
A retomada das investigações ocorre em um momento delicado para Oliveira, que perdeu relevância institucional ao deixar a vice-presidência da ALE-RO. Ambientalistas e entidades civis pressionam por transparência: “É inaceitável que um parlamentar da Comissão de Meio Ambiente esteja envolvido na destruição dela”, criticou Maria Almeida, coordenadora do Fórum Rondoniense de Sustentabilidade.
Fonte: TV Norte Rondônia