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Lula admite a possibilidade de não disputar a reeleição em 2026 e surpreende ministros

Presidente Lula na abertura da reunião ministerial na manhã desta segunda-feira na Granja do Torto, em Brasília — Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da RepúblicaEm uma reunião ministerial realizada na segunda-feira (20) na Granja do Torto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) surpreendeu aliados ao admitir, pela primeira vez, que pode não ser candidato à reeleição em 2026. A declaração, feita durante o encontro, deixou ministros em alerta e abriu espaço para especulações sobre o futuro político do petista e do próprio governo.

Segundo relatos de participantes da reunião, Lula afirmou que a decisão de concorrer ou não a um novo mandato dependerá da “vontade de Deus”. O presidente teria citado episódios recentes que o colocaram em risco, como o problema técnico enfrentado pela aeronave presidencial durante uma viagem ao México, em outubro. Na ocasião, o avião precisou voar em círculos por cerca de cinco horas para queimar combustível e retornar ao aeroporto de origem, onde pousou em segurança. Além disso, Lula lembrou da cirurgia de emergência na cabeça que precisou realizar após uma queda no banheiro, em São Paulo, e destacou que o procedimento foi crucial para evitar um desfecho fatal.

Apesar de cogitar a hipótese de não disputar a reeleição, o presidente pediu empenho aos ministros para garantir que o governo mantenha sua força nas eleições de 2026, independentemente de sua candidatura. Para muitos aliados, no entanto, a avaliação é de que Lula seguirá como o principal nome da esquerda na corrida eleitoral. A justificativa é a falta de um sucessor à altura para liderar a disputa e garantir a continuidade do projeto político petista.

Críticas a partidos da base aliada

Durante a reunião, Lula também expressou insatisfação com partidos que, apesar de integrarem a base aliada, não assumem publicamente seu apoio ao governo. O presidente citou nominalmente o PSD, MDB, Republicanos, União Brasil e PP, cobrando maior engajamento dessas legendas. Aos ministros representantes desses partidos, Lula delegou a “tarefa” de trabalhar para mantê-los alinhados ao governo.

“Temos vários partidos políticos. Eu quero que esses partidos continuem juntos, mas estamos chegando ao processo eleitoral e não sabemos se os partidos que vocês representam querem continuar trabalhando conosco ou não. Essa é uma tarefa também de vocês neste ano de 2025, e é uma tarefa grande”, afirmou o presidente.

Nos bastidores, representantes dessas legendas consideraram a cobrança de Lula exagerada, argumentando que já têm contribuído para a governabilidade, especialmente nas votações no Congresso Nacional. Apesar disso, a fala do presidente reflete a preocupação com a fragilidade da base aliada em um cenário eleitoral que se aproxima.

O futuro político de Lula e do governo

A declaração de Lula sobre a possibilidade de não concorrer em 2026 abre um novo capítulo na política brasileira. Se confirmada, a desistência do petista pode reconfigurar o cenário eleitoral e intensificar as disputas internas no campo progressista. Enquanto isso, o presidente segue cobrando união e esforços para fortalecer o governo, mesmo que sua própria candidatura não esteja garantida.

Para analistas políticos, a incerteza sobre o futuro de Lula pode impactar a estabilidade do governo nos próximos anos, especialmente em um Congresso marcado por alianças voláteis. Aos 78 anos, o presidente parece ponderar não apenas os desafios políticos, mas também os limites físicos e pessoais de seguir na linha de frente da vida pública.

Enquanto o Palácio do Planalto se prepara para os desafios de 2025, a dúvida sobre 2026 permanece no ar: Lula será ou não o candidato do PT à Presidência? A resposta, segundo o próprio presidente, está nas mãos de um poder maior.

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